O 128º leilão da firma Numisma S.A., com a designação Coleção Quilómetro, a realizar online através das plataformas bidspirit e bidinside, decorrerá em 27 de outubro próximo, em sessão única a partir das 14H00. O atrativo catálogo, impresso para o efeito, apresenta o título “Moedas, Notas, Ações, Medalhas e Livros de Numismática” que de um modo rápido nos informa sobre os demais conteúdos representados pelos 685 lotes que constituem este evento numismático.
Como é normal nos leilões da especialidade realizados no nosso país, o núcleo principal de lotes concentra-se na numária de Portugal (lotes 39-392 e 680-85) e das antigas possessões ultramarinas (lotes 393-483, complementado por conjuntos de moeda grega, romana, bizantina, visigoda e árabe (lotes 1-38), moeda estrangeira (lotes 484-607), fichas, curiosidades e medalhas (lotes 608-36), papel moeda e derivados (lotes 637-71) e um pequeno núcleo de livros de numismática e afins (lotes 673-79).
Entre este significativo número de lotes que serão levados a hasta pública, encontram-se peças para todas as bolsas, mas a consulta do catálogo permite, facilmente, a qualquer colecionador, inteirar-se dos lotes mais importantes, na perspetiva da leiloeira, que aparecem destacados em belas fotografias ampliadas nas págs. 7-8.
Mas o que torna fascinante o colecionismo, no caso vertente, de moedas, é que o maior ou menor interesse pelos conjuntos que quase cotidianamente são colocados à disposição pelo comércio numismático, depende das motivações, dos interesses temáticos, cronológicos e outros de cada aficionado, donde resulta que, nem sempre, as peças mais raras e valiosas serão as que despertam uma maior atenção a todos os colecionadores. Para além de cada moeda ser um testemunho da nossa História e Cultura, esta riqueza e diversidade de opções é certamente uma das vertentes mais atrativas do Colecionismo Numismático que terá as suas raízes na Antiguidade Clássica.
Assim, os destaques que cada um faz das suas peças de eleição, por exemplo, num conjunto tão diversificado como o do presente leilão, não serão unânimes, mas apenas escolhas pessoais, condicionadas pelas suas preferências e conhecimento. Para o período anterior à Nacionalidade, entre os 39 lotes disponíveis, merecem uma referência as moedas de “Salacia” (8) e de Murtilis (9) que, como é sabido, foram cunhadas em território que atualmente é Portugal e ainda o belo tremissis de Sisebuto, lavrado em “Eliberri” (31).
A numária de Portugal a antigas possessões de além-mar é copiosa de pontos de interesse, começando pelo generoso número de lotes em oferta integrando um variado naipe de moedas com destaque para os da I Dinastia, em especial, de D. Fernando I (47, 53-57) e o lote 130 com cinco boas moedas de D. João III a D. João IV. Entre os lotes com uma só moeda, a nossa atenção cai obrigatoriamente no último lote deste leilão, o número 685, um portentoso morabitino de D. Sancho I, em excecional estado de conservação, bem como para o Real Branco, L, de D. Duarte (68), o raro Real Grosso do Porto, de Afonso V (70), os Tostões de Évora, de D. João IV (124-25), a valiosa Dobra, 1731 -M (data emendada), de D. João V (159), o Pataco 1811, de D. João P.R. (192) e, já da 1ª República, os 20 Centavos, 1922, com módulo menor (315 e 316); também são merecedores de uma menção os lotes 680 e 681, constituídos, respetivamente, por uma seleção de 35 moedas de D. Afonso I a D. Manuel II e por 18 moedas de ouro do sistema decimal, desde D. Maria II a D. Carlos I.
Entre a numária colonial portuguesa a nossa atenção vai para o bom conjunto de lotes de moedas da Índia, onde pontificam alguns exemplares muito apreciados e raros, como o Pardau de S. Tomé, de D. João III (420) e as “Provas" de 4, 2 e 1 Tangas, de 1934 (456-58) que poucas vezes aparecem no mercado numismático. A moeda estrangeira também tem uma representação generosa neste leilão (484-607), oriunda dos mais diversos países, onde as emissões de ouro estão a bom nível.
Já no conjunto de lotes reservados à medalhística, o destaque vai para o bonito exemplar de prata, com a representação de Maria I e Pedro III no anverso, comemorativa da fundação da Igreja do Santíssimo Coração de Jesus (621), medalha muito bem cunhada, apesar de Lamas (pág. 66) referir que “em grande parte de [das medalhas] notam-se certas imperfeições de cunhagem”, como a “má impressão dos cunhos, ressaltos nas letras das legendas”; também deve referir-se a muito bela medalha comemorativa do 1º Centenário da Guerra Peninsular, de 1910 (631). Entre o papel moeda e similares, o destaque vai para os valiosos e seletos lotes de notas portuguesas (682-84) que, seguramente, despertarão o interesse a muitos notafilistas. Finalmente, os lotes respeitantes a livros, é pertinente uma nota ao lote 673, que integra um inestimável conjunto de 15 separatas de Arthur Lamas, em encadernação de luxo, com as armas do Rei na capa, com dedicatória manuscrita pelo Autor a D. Manuel II, datada de Junqueira, 1914.
Em suma, estamos perante um leilão com muitos motivos de interesse para os aficionados pelo colecionismo de moedas que, certamente, não deixarão de participar em mais esta iniciativa da Numisma que merece a nossa saudação.
RC
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