História da Sociedade Portuguesa de Numismática

 

 

A Sociedade Portuguesa de Numismática foi oficialmente constituída por um grupo de colecionadores da cidade do Porto no ano de 1952, corporizando a necessidade então sentida por muitos dos entusiastas pelo colecionismo de moedas em organizar e incrementar esta atividade e em favorecer a aproximação dos interessados pela Numismática, uma vez que, na época, ao contrário do que acontecia na maioria dos países, não existia em Portugal uma associação que agregasse os numismatas.

As origens da SPN remontam aos tempos da tertúlia promovida no portuense Café Flórida, por um grupo de ilustres colecionadores de moedas, quando, em 29 de maio de 1950, se constituem como Comissão Fundadora de uma associação numismática então designada por "Instituto Numismático de Portugal", alterada em 31 de maio do mesmo ano para "Associação Numismática de Portugal". Em 5 de julho de 1950, a Comissão Organizadora da nova coletividade, entretanto constituída e presidida por Mário Rodolfo Revisioni Ramires (31 de maio de 1950-17 de abril de 1952), aprova a definitiva designação de "Sociedade Portuguesa de Numismática". Cerca de dois anos decorridos, a SPN constitui-se formalmente com a aprovação dos seus Estatutos por despacho ministerial de 12 de março de 1952, tendo reunido a primeira Assembleia Geral em 15 e 17 de abril do mesmo ano, onde foi eleito o primeiro Presidente da Direção, José de Barros da Rocha Carneiro (17 de abril de 1952-15 de janeiro de 1954) e os restantes corpos sociais. Sedeada inicialmente nas modestas instalações da Rua de S. Francisco e da Rua de Santa Catarina, a SPN passou a ter sede própria em 1972 com a aquisição do excelente edifício, que atualmente ainda ocupa, na Rua de Costa Cabral, n.º 664, na cidade do Porto. A compra da nova sede, uma bela casa burguesa portuense da transição dos séculos XIX-XX, foi um marco fundamental na vida da SPN que então passou a usufruir de bons espaços para instalar os seus serviços administrativos, biblioteca, núcleo museológico, salas de reuniões e de associados, reforçando-se as condições para desenvolver cabalmente as atividades e projetos.

Os princípios orientadores definidos inicialmente pela Comissão Fundadora para a então nova associação de numismatas, ainda permanecem atuais na sua essência e têm norteado a ação dos diversos elencos diretivos da SPN, onde pontificam o incentivo do colecionismo e da investigação, a promoção e a divulgação dos estudos numismáticos e o relacionamento dos seus associados. Tal missão ficou assim plasmada no Artigo 1º dos Estatutos da Sociedade Portuguesa de Numismática, então aprovados:

a)    “[Promover] o estudo científico [da Numismática], em toda a sua extensão [...];

b)   “Procurar desenvolver o gosto pelo estudo das moedas e medalhas e pela posse de colecções delas, como documentário da evolução da arte e como expressão de factos históricos;

c)    Colaborar com as instâncias competentes para que quaisquer achados de numismas não sejam desviados de fins numismáticos;

d)   “Estabelecer, de forma permanente, o estreitamento de relações científicas entre os numismatas de Portugal e as Sociedades congéneres existentes noutros países;

e)    “Promover a edição de uma revista ilustrada que estude o património numismático-medalhístico de Portugal.”

Ao longo das quase sete décadas de existência, a SPN transformou-se na mais importante instituição do género existente em Portugal, agregando associados disseminados pelos cinco continentes.

Deve salientar-se o contributo ímpar da Sociedade Portuguesa de Numismática para o progresso da ciência numismática no nosso país, mobilizando estudiosos, colecionadores ou simples curiosos por assuntos numismáticos. Como já se afirmava no longínquo ano de 1958, a SPN tem-se revelado como uma instituição de “destacada importância no nosso meio cultural e, no sector [da Numismática], [...] representa mesmo o verdadeiro instituto de investigação de que se dispõe, apto ao estudo e esclarecimento de todos os problemas numismático-medalhísticos [...], em toda a sua extensão (A. F. Teixeira, in I Exposición Iberoamericana de Numismática e Medallística, 5, Barcelona, 1958, p. 105)

Na verdade, a SPN sempre tem desenvolvido uma ação continuada no âmbito da divulgação da Numismática com a edição de diversas monografias (Anexos NVMMVS, com 8 volumes editados desde 1987) e publicações periódicas — as revistas NVMMVS (publicada desde 1952) e A Permuta (iniciada em 1953) — com a disponibilização para consulta da sua preciosa biblioteca especializada e com a organização de diversos encontros científicos, ciclos de conferências e exposições, cabendo aqui destacar:

- a I Exposição Biblio-Numismática, de homenagem ao Dr. Augusto Carlos Teixeira de Aragão, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 15 de junho de 1963;

- o patrocínio da 2ª edição da monumental obra de Teixeira de Aragão, Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal, 3 vols., Porto, Livraria Fernando Machado, 1966;

- a organização do II Congresso Nacional de Numismática, Porto, Palácio da Bolsa, 2-4 de julho de 1982;

- a 1ª Exposição Nacional de Numismática, Porto, Casa do Infante, 26 de junho a 4 de a 4 de julho de 1982;

- o patrocínio do I Encuentro Peninsular de Numismática Antigua, Madrid, CSIC, novembro de 1994;

- o apoio à organização do II Encuentro Peninsular de Numismática Antigua, Porto, FLUP, março de 1998

A qualidade de todas as iniciativas empreendidas pela SPN permitiu a sua afirmação nacional e internacional, bem testemunhada, por exemplo, pela outorga em 1978 da “Medalla Presidencial” da Asociación Numismática Española, com sede em Barcelona, em reconhecimento da importância e profundidade do trabalho desenvolvido em prol do colecionismo numismático.

Parte fundamental da atividade da SPN são as Permutas por Correspondência Inter-Associados, realizadas desde 1959, que permitiram colocar à disposição dos Associados da SPN perto de cem mil lotes, cumprindo-se assim dois dos princípios fundamentais que presidiram à fundação da SPN: o incentivo do colecionismo e o relacionamento dos seus associados. No final deste ano de 2017 irá decorrer a 70ª Permuta por Correspondência, simbólico número de um dos eventos mais significativos organizados pela SPN, que constituem uma referência para o comércio da especialidade em Portugal.

Contudo, a Sociedade Portuguesa de Numismática continuar a incentivar a vida associativa e, sobretudo, procurar rejuvenescer-se com a captação de novos associados junto das camadas mais jovens. Esta renovação passará também pela remodelação de algumas áreas da sua sede, tornando-a mais funcional e confortável, bem como pela valorização do seu numofilácio com a constituição atualmente em curso de um espaço expositivo condigno que traga a sede da S.P.N. novos públicos e lhes desperte o interesse pelos estudos numismáticos.

Esta atividade de destaque em prol da Numismática traz à nossa associação mais responsabilidades, obrigando-a a manter e aprofundar a sua ação de uma forma equilibrada, conciliando sempre os interesses de colecionadores, estudiosos e, acima de tudo, dos seus associados para prosseguimento dos seus objetivos estatutários.

 

Sócios Fundadores da SPN:

  1. Eduard Marius Van der Niepoort

  2. José de Barros da Rocha Carneiro

  3. Manuel António de Azevedo

  4. Carlos Morais Peixoto Braga

  5. António da Silva Guimarães

  6. António Pinto de Sousa

  7. Basílio Dias Gomes da Silva

  8. José Maria Santiago

  9. Mário Rodolfo Revisioni Ramires

10. Fernando Augusto de Barros Russel Cortez

11. Jorge Kendall

12. Francisco Augusto dos Santos

13. Carlos Fernando de Sousa Santos

14. Alexandre Ferreira de Barros

15. Elísio Ferreira de Sousa

16. João António Afonso dos Santos Alfaro

17. José Taveira de Carvalho

18. António de Sousa Paupério

19. Armando Nery Teixeira

20. Frank B. Barrote

 

Presidentes da Direção da SPN:

José de Barros da Rocha Carneiro (17 abril 1952-15 janeiro 1954)

Damião António Peres (15 janeiro 1954-16 dezembro 1955)

Eduard Marius Van der Niepoort (16 dezembro 1955-21 fevereiro 1960)

Gualter Rodrigues (eleito em 15 dezembro 1959 [posse 21 fevereiro 1960] -16 janeiro 1962)

Raul Ferreira Gonçalves (16 janeiro 1962-2 janeiro 1968)

Armando Nery Teixeira (eleito em 15 dezembro 1967 [posse 2 janeiro 1968] -faleceu em 11 julho 1968), substituído interinamente pelo Vice-Presidente Ilídio Araújo (11 julho-22 dezembro 1968)

Valdemar Cordeiro (22 dezembro 1968-16 fevereiro 1970)

Raul Gonçalves (eleito em 6 fevereiro 1970 [posse 16 fevereiro 1970] -14 dezembro 1971)

Mário Santos de Almeida (14 dezembro 1971-dezembro 1983)

Carlos Morais Peixoto Braga (dezembro 1983-dezembro 1985)

Jorge Valladares Souto (dezembro 1985-30 junho 2012)

Rui Manuel Sobral Centeno (30 junho 2012- )