No dia 20 de abril, a Numisma S.A. realiza o leilão 131 com a Coleção Cientista, composta por 387 lotes, onde 91% são de moedas de ouro, estando também presente cruzados novos, vinténs e tostões em prata de D. Pedro II e D. João VI. Esta coleção inclui numerário desde a primeira moeda de ouro portuguesa, o morabitino de D. Sancho (1185-1211), até as últimas emissões de ouro da monarquia, com as moedas de 10.000 réis de D. Luís I em 1889.
Entre os lotes que integram o leilão, representando sete séculos de emissões monetárias do Estado Português, são destacadas, nas primeiras 8 estampas do catálogo (págs. 7-14), 64 moedas pela sua raridade, qualidade iconográfica e/ou estado de conservação, merecendo ainda alguns figurar também na respetiva capa, como o incrível morabitino de D. Sancho I, raro e belo (lote 1), o raro dobrão de 1724 M (lote 50), e icónica peça de Maria II, de 1833, sem busto, popularmente conhecida como “degolada” (lote 322).
Além dos três exemplares referidos, merecem a nossa preferência: o S. Vicente e ½ S. Vicente de João III, moedas apreciadas e valiosas (lotes 6-7); o interessante ensaio de vintém anepígrafo de Pedro II (lote 39), acompanhado por um seleto grupo de lotes com numerário áureo e argênteo deste reinado; o já enumerado dobrão de João V, de 1724 M (lote 50), aparece na companhia dos exemplares de 1726 e 1727 (lotes 51-2), moedas desejadas pelos colecionadores; a mítica ½ Peça de João VI, de 1821 (lote 308), cuja emissão se limitou a 196 exemplares, sendo de extrema raridade e, por isso, ausente de importantes coleções; a última chamada de atenção vai para os 2000 Réis de Luís I, de 1870 (lote 378), moeda muito rara mas em estado de conservação algo modesto (MBC-), ainda que, considerando a dificuldade em adquirir exemplares desta data, seja aqui bastante atraente para os colecionadores.
Uma referência especial para o facto de cerca de 45% das moedas desta hasta pública pertencerem ao reinado de João V (1706-50), que emitiu moeda em Lisboa, Porto, Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Entre os lotes 50 e 217 há uma imensa diversidade de moeda em ouro deste monarca e de várias datas, que inclui dobrões, meios dobrões, dobras, peças e meias peças, moedas e meias moedas, escudos e meios escudos, cruzeiros novos e cruzadinhos. Dentre esta impressionante quantidade de numerário joanino, a Numisma destaca os lotes 50 a 58, 62 e 63, 72, 83, 88, 91, 102, 105, 133, 151, 171, 195, 214 e 215.
Após a descrição dos 387 lotes em leilão, este catálogo (págs. 77-92) é também valorizado com a publicação de quatro artigos, aparecidos anteriormente nas “Separatas Numisma”, que serão de grande utilidade para os interessados em numismática. O primeiro da autoria de Javier Sáez Salgado sobre a coleção numismática do Millennium BCP; o segundo é uma curta recensão do livro “Colecção Banco Espírito Santo – Colecção Carlos Marques da Costa”, de Javier Salgado e Godinho Miranda; o artigo seguinte intitulado “Escudo de Valência”, debate a autoria de uma moeda inédita valenciana; finalmente, na página 88, publica-se o artigo “Cinco Ducatones Antuérpia” que analisa em profundidade a moeda de prata cunhada por Filipe IV de Espanha, em 1653.
Este catálogo, disponível para consulta na sede da SPN, apresenta um excelente conjunto de moedas de ouro portuguesas que atrairá certamente a atenção de muitos colecionadores e também de gestores de algumas coleções públicas. O leilão irá decorrer em sessão única, a partir das 15:00 do dia 20 de abril, somente em formato online, através das plataformas “bidspirit” e “bidinside”.
Por fim, cumpre-nos congratular toda a equipa da Numisma S.A. por brindar a comunidade numismática interessada pela numária nacional com mais este importante leilão, a que auguramos o maior sucesso.
A. Baeta e R. Centeno
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