
No próximo dia 27 de março, a partir das 11:00 Horas, decorrerá em Lisboa, como habitualmente,no Jupiter Lisboa Hotel, o leilão 117 da Numisma Leilões, que constitui a 2ª Parte da importante Coelção FADO, em que irão à praça 963 lotes de moedas gregas, romanas, hispânicas e, sobretudo, de Portugal e antigas colónias, bem como do estrangeiro, fichas, medalhas e bibliografia numismática. Devemos começar por alertar o leitor para o expressivo número de moedas de excepcional raridade e qualidade presentes nesta venda pública.
A Numismática Clássica está representada pelos primeiros 121 lotes do leilão, onde aparece um raro denário de Sexto Pompeu (n.º 13), de 45-44 a.C., RRC 477/1b, com SAL no anverso, que poderá interpretar-se como a masca monetária Salpensa (Crawford) ou mesmo Salacia (A. Faria). também se encontram neste grupo um raríssimo dupôndio de CILBE (Silves) (n.º 98), um outro de Ebora (Évora) (n.º 99), entre diversos exemplares cunhados no território atualmente português e sempre muito procurados (n.º 88-113). Uma palavra ainda para o lote 26, um raro livro quinhentista de Hubert Goltzius, Caesar Augustus, sive historiae Imperatorum Romanorum ex Antiquis Numismatibus Liber Secundus [...] (Bruges: Herbert Goltzius, 1574), com "falta de páginas no frontispício", que figurará bem em qualquer biblioteca de numismática.
Entre a numária de Portugal (n.º 122-397) encontram-se verdadeiras preciosidades, sendo os nossos preferidos: um bonito e raro dinheiro de Afonso II (n.º 123); duas impressionantes moedas de Fernando I, pela raridade e pela sua conservação, um Real F coroado, L(isboa) (n.º141) e um Forte L(isboa) (n.º 142), acompanhadas por uma Barbuda -P(orto) com reverso similar aos Gentis (n.º 149) e uma Meia Barbuda T(ui) (n.º 155). O lote 163 é um curioso medalhão identificado com do período de D. João Regedor e Defensor do Reino, mas o Y, aparentemente coroado, que apresenta na zona central, a semelhança das emissões monetárias, poderá indicar uma cronologia posterior, já no reinado de João I; deste reinado é também o Real de 10 Reais Brancos, em invulgar estado de conservação (n.º 164); ainda de registar será o Real Grosso O-C, de Toro, de Afonso V, peça bastante rara e apreciada (n.º 198). O reinado de João II não podia estar melhor representado: um magnífico Justo, com a marca monetária L(isboa) (n.º 220), até hoje ignorada na bibliografia da especialidade (a este propósito, no início do catálogo, pp. 13-23, é publicado um estudo sobre esta marca L). Este desfile de raridades continua, por exemplo, com os excelentes Tostão , P-V, de Manuel I (n.º 234), o Cruzado, E(vora), de João IV (n.º 321), excepcionalmente conservado, ou com a prestigiada amoeadação de ouro joanina: o Dobrão, 1724M (n.º 354) e duas Dobras, 1727 e 1732R (n.º 355-56).
Entre o numerário português colonial, a amoedação da Índia (n.º 419-95) tem neste leilão uma fantástica presença com exemplares de altíssima qualidade e raridade: este elenco tem no topo um impressionante Escudo de S. Tomé, de João III (n.º 420), de que, como se refere no catálogo, apenas se conhecem 5 exemplares; depois temos um Bastião e um Meio Bastião, obviamente do reinado de Sebastião I (n.º 422-23), peças raríssimas; completam este naipe valiosas moedas, o S. Tomé, G-A, de 1633, de Filipe III (n.º 429), o S. Tomé de 5 xerafins, de Dio, de João V (n.º 449), outro de 4 xerafins, 1764, de Goa, de José I (n.º 452), a Tanga, 1784, de Goa, de Maria I e Pedro III (n.º 467) e, por último, o magnífico conjunto de ensaios, de 60 a 5 Réis, do reinado de Maria II (n.º 481-85). Ainda dentro da numária colonial, é obrigatório enumerar aqui, para Moçambique, os 800 Réis, 1743, G-A, de João V (n.º 496), os 100 Réis, 1755, de José I (n.º 501) e os 500 Réis, 1894, da Companhia do Niassa (n.º 507).
Entre o extenso conjunto de lotes de medalhística religiosa, comemorativa, honorífica e outra (n.º 523-699), destacamos duas medalhas , em prata, a primeira, de 1772, dedicada ao Marqês de Pombal (n.º 561) e a outra, de 1799, dedicada pela Cidade do Porto ao então Príncipe Regente (n.º 565), assim como a boa representação de peças da autotia do consagrado João da Silva.
Nos lotes reservados ao papel-moeda (n.º 700-45), os nossos favoritos são: os 500 Angolares, 1.6.1927 (n.º 721), os 1000 Angolares, 1.6.1944 (n.º 725) e 1.3.1952 (n.º 726), juntamente com os 20.000 e 10.000 Réis, 2.1.1897, de S. tomé e Príncipe (n.º 741-42).
Como é norma, esta venda pública termina com um conjunto de bibliografia numismática (n.º 746-63), vários com boas encadernações, onde ressaltam o raro livro de Carmo Nazareth, Numismatica da Indi Portugueza (Nova Goa, 1896) (n.º 750) e a obra ainda imprecindível para o estudo da numária da Hispânia Antiga, de Antonio Vives y Escudero, La moneda hispánica (Madrid, 1924-26) (n.º 763).
Terminando esta breves palavras sobre um leilão pleno de preciosidades numismáticas, só nos resta felicitar a Numisma Leilões e augurar o maior sucesso a mais este importante evento numismático.
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